No culto nós cantamos aquele hino antigo do Hinário para o Culto Cristão, “Barnabé, homem de Deus”. Engraçado. Eu confesso que nunca havia entendido antes o motivo de existir um hino a respeito de um homem. Se fosse para ter um hino de algum personagem bíblico, porque não de Moisés ou Davi? Já reparou quantos Davis tem na igreja? Eu já conheci, pelo menos, uns 10. Em compensação, eu não me lembro de nenhum Barnabé. Nenhumzinho que seja. Barnabés são raros, quase extintos.
Nascida e criada na Igreja, claro que eu conhecia a história de Barnabé. Mas algo me intrigou, porque, no final das contas, o Barnabé que eu conhecia, o personagem bíblico, era apenas o companheiro de Paulo nas viagens missionárias, e olha que ele nem foi em todas. Então porque esse destaque? Não que seja algo por merecimento, porque, efetivamente, não merecemos nada além do justo pagamento pelos nossos pecados, que é a morte, mas, graças a Cristo, somos libertos desse fim. Mas, como diz Hebreus 12.1, temos uma grande nuvem de testemunhas ao nosso redor, para nos auxiliar na caminhada cristã, que, para todos os efeitos, não é nada fácil.
Era seu nome Barnabé, natural de Chipre
Como dito anteriormente, Barnabé não é muito lembrado. Nem por mim. Confesso. Mas devia ser. Porque deviam existir mais Barnabés pelo mundo, pelas igrejas. A Bíblia, em Atos 4.34-35, diz que não havia necessidade entre os cristãos, porque aqueles que possuíam propriedades as vendiam e davam o valor correspondente para os discípulos, para que estes repartissem na medida da necessidade de todos. Barnabé foi um desses homens.
O hino diz que Barnabé fez isso como sinal do amor de Cristo em sua vida, e também como fruto do seu compromisso com Jesus e com a igreja. Isso me serviu de aviso. Muitas vezes, o meu coração (e o seu também, provavelmente) está endurecido para a necessidade do próximo, pela rotina da vida, pelos afazeres, pela necessidade de buscar a minha própria realização. E eu confesso, mais uma vez, que muitas vezes deixo de repartir o que eu tenho, a força, o empenho, a atenção, as minhas palavras, com aqueles que mais precisam. Principalmente o que é mais precioso, a própria mensagem do Evangelho.
E quando Saulo converteu-se à Cristo…
Depois, o hino fala de quando Paulo se converteu. Engraçado é que essa é uma passagem muito conhecida pela maioria dos cristãos. Quem não conhece de cabeça a história da conversão de Saulo em Paulo?! Se você não conhece, hora de procurar lá em Atos 9. Antes de tudo, é preciso dizer que Paulo, de fato, foi um vaso escolhido por Cristo para levar o Evangelho aos gentios (não cristãos), como diz o versículo 15 do capítulo 9 de Atos. Não apenas por pregar e fundar igrejas, mas também por garantir, através das cartas, uma correta compreensão pela Igreja do advento de Cristo.
Porém, o que geralmente passa batido, é que Paulo sofreu bullying dos discípulos. No verso 26, ainda de Atos 9, a Bíblia conta que os discípulos não acreditaram na conversão de Paulo. Vamos combinar, né?! Difícil crer que o rapaz, antes perseguidor da Igreja, aquele que respirava ameaças e mortes contra os discípulos, agora era cristão também. As pessoas estavam com medo de Paulo. Então, Barnabé, como fruto do amor de Cristo, tomou Paulo pela mão e o levou até os discípulos e testemunhou a favor de Paulo, o que fez com que os discípulos, finalmente, acreditassem.
Já parou para pensar o que se converter significou na vida de Paulo? Uma grande ruptura. Ele precisava de alguém que fosse fonte de consolo e abrigo, alguém que o ajudasse na sua nova vida, na sua caminhada com Cristo. Esse foi Barnabé. A Bíblia diz que o nome Barnabé significa “filho da exortação” (ou consolação), e isso aponta para uma característica muito importante dos cristãos. Exortar significa animar, estimular, orientar numa direção. Muitas vezes, estamos vivendo de maneira tão autocentrada, que não percebemos que existem irmãos ao nosso redor que precisam da nossa ajuda. Precisam que a gente os pegue pela mão e os ajudem na caminhada cristã. A Igreja é constituída de pessoas, e pessoas precisam umas das outras.
Homem bom e piedoso
Por fim, o hino também fala a respeito do comissionamento de Barnabé, que foi preparado por Deus para o ministério e não se furtou em obedecer, apesar de todas as dificuldades desse chamamento. Isso é importante de se destacar, porque ser cristão naquela época não era nada fácil. Se você se declarasse cristão, provavelmente iria ser perseguido, torturado, apedrejado e morto. Mas, o fato de que a mensagem do Evangelho chegou a nós hoje, em pleno século XXI, é suficiente para concluirmos que os primeiros cristãos não se intimidaram diante desse cenário. Eles foram corajosos e, por isso, a Igreja pode se espalhar. E isso, realmente me faz pensar que, muitas vezes, nos falta essa coragem para anunciar o Evangelho. É mais fácil ficar só no banco.
É verdade que não existem muitos dados a respeito do restante da vida de Barnabé, mas o que sabemos é que esse homem realmente era bom e piedoso, sua vida manifestava o amor de Cristo pelos perdidos e necessitados, ele era misericordioso com os novos na fé e corajoso para anunciar a mensagem do Evangelho. Quem me dera ser mais como Barnabé, que soube repartir, amar e servir sem temor. Barnabés não deviam ser tão raros.
por Marcela Pimentel
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