Substituindo o Real pelo Virtual

 

Uma das maiores utilidades do Twitter e do Facebook será provar no Último Dia que a falta de oração não era por falta de tempo.” – John Piper

Nós gastamos, em média, 650 horas por mês em redes sociais (levando em consideração que o mês tem 720 horas). Por mais clichê que seja falar isso, mas por que não usamos este tempo para fazer outras coisas?

Convenhamos, passar seu tempo nas redes sociais é 50% menos eficaz do que você realmente diz que é. Afinal, quem nunca parou um tempo para ver vídeos de gatinhos bonitinhos e engraçadinhos ou um compilado de fails? Eu vivo fazendo isso, inclusive. Mas isso é um problema?

Sempre tem um buraco mais embaixo

O problema está no fato de você devotar sua vida a algo que traz um retorno duvidoso. Não sei de “duvidoso” seria a palavra correta. Talvez “superficial” fosse mais adequado. Logo, seus esforços no mundo virtual podem estar voltados para a superficialidade da vida, e não para a profundidade.

O superficial é atrativo porque ele nos proporciona a opção de “deixar para lá”, de camuflarmos nossos problemas com capas bonitas ao invés de fazermos a reforma dolorosa que precisamos fazer. E aí mora o grande perigo: colocar a nossa sujeira em um lugar onde ninguém pode vê-la. Porém, no final das contas, a sujeira continua lá. Ela não foi limpa. Logo, resolvemos de forma superficial aquilo que deveríamos nos aprofundar.

Com tudo isso que falei, você deve ter percebido o link que quero propor (se não percebeu, eu te falo): no mundo atual, o melhor lugar para camuflarmos quem realmente somos é on line. E, aos poucos, vamos substituindo o real pelo virtual.

Mas isso é tão Black Mirror…

Existe uma série britânica/norte-americana chamada Black Mirror, que retrata, em seus episódios, uma realidade tomada pelos abusos, absurdos, incoerências e dependência do mundo virtual. É uma crítica inteligente do nosso mundo atual, que por muitas vezes impõe uma realidade triste e solitária.

Um dos episódios conta a história de uma sociedade utópica que é baseada em avaliações pessoais em uma rede social que influenciam de forma real na vida das pessoas. Por exemplo, só possuem certos privilégios quem tem uma nota superior a 4.1 estrelas. Essa história acompanha uma mulher que quer alugar uma casa mas sua pontuação nesta rede social não lhe permite. Coincidentemente, ela é chamada para ser madrinha do casamento de uma “amiga” de infância extremamente popular. Ela então vê a oportunidade de elevar sua pontuação e conseguir seu objetivo.

Parece loucura, né? Mas vamos ser sinceros: quem nunca postou algo em uma rede social com o intuito de ganhar curtidas, levanta a mão aí. Porém, há os que vão além. Já ouvi algumas pessoas conhecidas minhas que programam viagens com o simples intuito de tirar fotos legais em determinados locais para ganhar mais likes e mais seguidores em suas redes sociais. Ora, eu mesmo já fiz isso. Perceba o quanto é tão Black Mirror vivermos a nossa vida real tendo em vista a nossa vida virtual.

Substituindo o real pelo virtual

Não quero fazer uma ode à hipocrisia e escrever contra as redes sociais em um blog. O que quero salientar é o tempo que gastamos com isso e como temos administrado nossas vidas em relação a isso. Na verdade, você estar lendo um blog cristão em um site de uma igreja já te faz diferente da maioria, que normalmente leem versículos escritos em legendas de fotos de homens ou mulheres fazendo poses “reflexivas” ou até sensuais (“Só quem me julga é meu Deus”; “Tudo posso naquele que me fortalece”; “#partiuigreja”).

Muitos estudos, hoje, conseguiram tornar metodológica a vida virtual, de forma que podem te ajudar a ser uma grande celebridade, ou digital influencer, ou como você quiser chamar. Ou seja, você é quem você quiser ser nas redes sociais. Por isso há um interesse tão grande em se viver no mundo virtual mais do que no real.

Tempo de qualidade on line

Novamente, não estou fazendo apologia ao abandono das redes sociais, mas sim incentivando você a procurar assuntos e postagens que realmente edifiquem sua mente, e não sejam uma perda de tempo.

Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” (Mateus 6:21)

também se aplica perfeitamente à internet. O que você tem procurado on line é o que você é. Quais assuntos te chamam a atenção no Facebook, Instagram, WhatsApp? Fofoca, textão, gatíneos, política, nerdologia, cristianismo/teologia, sensualidade, pornografia? Você é aquilo que o seu buscador do Google pesquisa.

Deus nos incentiva a viver uma vida de qualidade em todos os âmbitos. A nossa saúde física depende de uma boa alimentação e de exercícios; o nosso trabalho depende de constante estudo e esforço; e por aí vai…

O Espírito Santo nos incentiva a ter uma vida verdadeira na realidade, e não uma mentira virtual. Se o seu coração estiver em quantas curtidas você vai ter, com certeza esse vai ser o seu tesouro, e não o Espírito de Deus. Hoje o avivamento que precisamos é entendermos que não podemos viver uma mentira, seja virtual ou não, e a partir disso começamos a viver o amor verdadeiro de Cristo, que irá nos tornar em cristãos e pessoas verdadeiras.

Quer o virtual? Então use-o como uma arma para levar a verdade real do Evangelho de Cristo para quem puder e quiser curtir a sua postagem.

por Reinaldo Santos Júnior

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